sexta-feira, 25 de março de 2011

futuramente passado (CRÔNICA)


Era esta a cor da minha manhã, hoje. Talvez porque esta é a cor da casa que fica na frente da minha, ou talvez porque esta é a cor da parede do meu quintal, ou talvez porque eu simplesmente quisesse que essa fosse a cor da minha manhã, ou talvez, porque essa era a cor das minhas bochechas enquanto tomava meu banho de sol diário, sentada na janela do meu quarto. Hoje acordei cedo. Meu cabelo monstruoso, meus olhos inchados, meu pijama velho, meus braços doendo e minha janela fechada. Minha janela aberta. AAH, QUE LINDO ESTAVA O DIA! O sol imediatamente invadiu meu canto. Meu cabelo, meus olhos, meu pijama, meu braços, minha janela, e meu sorriso. Me livrei da parede invisível que me separava do doce mundo que me esperava. Sentei na janela, e fiquei, uma perna para fora, e uma para dentro, cabelos felizes, que riam comigo enquanto eu observava as pessoas pela minha rua, calma, onde conversavam nos portões, passeavam com seus cachorros, respiravam o ar das árvores que verdeavam um pedaço de tranquilidade que ainda recorda os dias de antigamente. Via as folhas balançando, o som do silêncio, e sentia aquele momento reinar sobre mim. Então, comecei a ouvir um barulho estranho, de pedras rolando, ou quebrando, destruição. Era uma daquelas maquinas de destruir a felicidade e paz das pessoas, aquelas que detroem e controem prédios, aquelas, sabe? Fiquei lá poucos minutos, mas minha mente está até agora. Fiquei pensando: ' Como pode? '. Destruir uma das poucas coisas boas que ainda tenho depois da minha janela. Cinco prédio estão sendo construídos nas redondezas do meu. No lugar das árvores, agora terão carros, e no lugar dos fuscas, agora terão carros de luxo, e não quero nem pensar nas casinhas de portão baixo. Me diz, o que mais o homem vai destruir além do rosa das nossas manhãs?

2 comentários:

  1. Está bom. Observe o fluxo, bastante pessoal, que foi utilizado. Aliás, o tema, as impressões, tudo convergente para uma questão íntima (a foto, a casa destrúida, o quarto.)

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